segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pesquisas Eleitorais

A propósito de pesquisas, nunca é tarde para se aprender lições. A primeira é de que, em determinado instante, elas não erram, pois baseiam-se numa ciência que, apesar do que muitos pensam, não é nenhum achômetro. Chama-se Estatística, e é do ramo dos conhecimentos exatos. A segunda é de que, em nenhum instante, podemos nelas assentar as garantias de um fundamento certo e duradouro, pois que as pesquisas não pensam, não falam e não vêem. Apenas interpretam o que está no ar, inexoravelmente. Quando se falava em Dilma para presidente, há mais ou menos um ano, o assunto provocava risos. Ela estava lá embaixo nas pesquisas. Serra, lá em cima, imbatível. Pois está dando diferente agora, embora qualquer peça do destino possa ainda reverter um quadro difícil de ser mudado. Já vimos isso tantas vezes, aqui no Rio Grande do Sul em particular, quando Yeda saiu com uns cinco pontos no início das cotações dos institutos de pesquisas e chegou ao segundo turno. E venceu. Agora ela não passa dos quinze pontos, enquanto Tarso subiu e Fogaça se manteve e Yeda baixou. Os candidatos – e lembro do Brizola, em especial – têm a virtude ( ? ) de desdenhar as pesquisas quando estas mostram um quadro adverso a eles, e de assegurar a sua exatidão quando indicam que eles estão na frente. Na verdade, o que as pesquisas dizem é o que está na cabeça das gentes. E as gentes, como se diz, são volúveis – até voláteis em alguns casos. A um mês das eleições no país, muitas coisas estarão em jogo: da preferência do eleitor através do discernimento dele produzido no horário eleitoral pela TV e rádio ( uma praga bem brasileira ) às agressões comuns e odiosas dos que estão embaixo nas pesquisas, cujos discursos presenciamos por tais meios de comunicação. Se pudesse dar um conselho, diria: - Confie em pesquisas, mas não esqueça de avaliar os candidatos antes que as estatísticas assumam o lugar de seu raciocínio.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lembranças de Paris

Encontrei, em meio a coisas que escrevo quando viajo, um pequeno texto, provavelmente produzido num bistrô qualquer após o jantar e uma garrafa de vinho em novembro de 2005. Tem a ver com estas expulsões absurdas de estrangeiros, pelo presidente Sarkozy, um pequeno da política européia.

" Sob um frio intenso e ao sabor do vento génant, os parisienses fazem pouco das condições climáticas para viver o que na verdade está dentro deles: a liberdade, a civilidade e, é claro, o charme. Em Saint Germain de Prés, na frente da igreja, uma banda de estudantes, provavelmente universitários, fazem a alegria dos turistas e dos nativos da cidade. Mães desfilam com seus bebês empacotados em roupas e metidos em sleeping bags e com gorrinhos de lã. Tudo se move rápido aqui. Paris não descansa, e por isso jamais morrerá. Mas tem um custo alto para os que estão sós. A solidão. Paris tem este dom inverso, o de desmanchar a oportunidade da alegria para o viajante solitário. É uma cidade em que não se pode estar só. É talvez a mais dura cidade para se viver em tal condição. Nada resolve este drama, nem mesmo a noção de civilidade e de urbanidade, que em parte alguma do mundo se conhece como aqui. Hoje, no metrô, entrou um jovem carregando o lastro de uma cama de solteiro, algo em torno de 1,80m por 0,90m. Como eu estava no final do vagão, encostado à parede, ofereci a ele o lugar para apoiar aquela peça. Ele me agradeceu e seguiu o meu conselho. Onde se vê isso ? O mais importante é que ninguém deu bola para o fato. Porque há gente que carrega malas, carrinhos, carroças, até. E ninguém se apercebe dos fatos que, afinal, à Paris, estão longe de ser insólitos. É que, na alma de um provinciano do RS, mesmo viajado como eu, remanesce esta parcela atávica de uma consideração sobre estes fatos que dos vivem na metrópole como se dela se nutrem. Bicicletas presas aos ferros nas entradas dos metrôs, carros estacionados em parte sobre as calçadas, gente fumando nos ambientes internos, combinações sobre regras e planos atávicos, sem palavra, sem gesto, mas apenas com o franco desejo de liberdade. Só em Paris. A mesma Paris que depois de reconstruída pelos imigrantes, sobretudo os pieds-noirs, deseja pela via política expulsá-los, não mais da cidade, mas do país em que se encontra a cidade luz. Sempre encontram motivos e razoes inexplicáveis, e inaceditáveis. Saudades de Miterrand, o Napoleão de nosso século, construtor dos monumentos dos museus, dos símbolos da pátria livre e aberta para um mundo universal".

domingo, 22 de agosto de 2010

SARKOZY ATACA, OUTRA VEZ

Mais uma vez, Sarkozy tenta desviar a atenção, dos franceses e do mundo, de seu governo maculado por algumas falcatruas. Desta feita, expulsou ciganos do país, em mais uma manifestaçao de inegável racismo. Talvez esta notícia, alvissareira para um certo grupo da França ( Le Pen e seu séquito, por exemplo ), consiga ocupar páginas de jornais que deveriam estampar o envolvimento de seu Ministro Eric Woerth e a mulher mais rica do país, Liliane Bettencourt em negociatas de privilégios esoeciais. Vale lembrar que Hitler considerava os ciganos e os negros, além dos judeus, é claro, pessoas indignas de habitarem a Alemanha. Sarkozy - que é judeu - percorre agora o mesmo caminho do ditador. Como diria Appolinaire, "les jours s'en vont, je demeure ". É uma possível leitura do refrão de " Le Pont Mirabeau ", considerada a interpretação ao pé da letra.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

mil desculpas

Caros amigos blogueiros:
Peço desculpas por minha ausência. Estou com um trabalho intenso que deve terminar neste final de semana e prometo retornas às atividades na semana próxima.
Abraços a todos.