quarta-feira, 20 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

PAROLE, PAROLE, PAROLE...

Dizia um padre de minha escola ginasial católica, em Porto Alegre, que o Titanic teria afundado por uma única razão: a de apregoar-se que, sendo o mais rápido, o mais moderno e o maior navio de sua época, construído pela melhor tecnologia de até então, nem mesmo Deus poderia afundá-lo. Pois o Titanic foi a pique na primeira viagem, apesar do poderoso nome que portava, levando a bordo os blasfemos que desdenharam o poder divino. A Igreja ( e hoje todas as Igrejas ) sempre desempenhou papel fundamental no curso dos acontecimentos do mundo, sobretudo pelos presságios de que foi porta-voz. E hoje nos vemos diante do segundo turno da eleição presidencial de um país continental como o Brasil, onde a opinião do clero pode outra vez pesar. Mas, será mesmo ? Os candidatos, ambos de qualidades particularmente raras – e não necessariamente antagônicas – passaram a versar sobre temas religiosos, assim como outros de caráter ambientalista, preocupações acalentadas desde a tenra infância de ambos, como jocosamente se comenta. No primeiro caso, para aplacar a revolta das Igrejas católica e evangélicas, que são terminantemente contra o aborto, e, no segundo, para amealhar aqueles preciosos votos de Marina Silva, candidata que surpreendeu o mundo com a força de um discurso franco e ambientalista. Como se a decisão estivesse aí definida. Não está. É triste ver assuntos que realmente possam importar ao país, ou que sejam basilares ao discernimento dos eleitores, estarem à margem dos debates fundamentais. E os eleitores sabem. Que Dilma e Serra sejam a favor da vida, não restam dúvidas. Quem seria contra a vida ? Mas será que vão continuar batendo nesta tecla surrada ? E será também que dizer ser contra o aborto não tenha lá as suas desvantagens ? Há gente que não vota em quem seja contra o aborto. Talvez esgote-se este assunto a tempo, e possamos adentrar outras discussões mais palatáveis, mas será que em pouco menos de vinte dias ( data em que escrevo este artigo e até a qual o Usina do Porto talvez ainda não esteja nas ruas ) terão os candidatos tido pelo menos o tempo para exporem suas efetivas idéias de maneira concreta ? Eu fico aqui pensando como a disputa de um cargo de tal importância possa tornar-se refém de perigosas manobras de marketing. Sim, porque não se pense que o candidato vá lá de frente às câmeras e abra o seu coração vulnerável aos ataques do adversário. Não, isso é claro que não. Os candidatos, sob tal pressão da panela de expectativa do poder, usam muito mais do que a maquiagem improvisada nos camarins das emissoras. Eles usam gestos, roupas especialmente estudadas, e sorrisos, até mesmo se até ontem não sorrissem, para tornarem-se - aos olhos menos atentos – outras pessoas. E é entre essas que devemos escolher uma para ocupar a presidência da República. Dizem que brasileiro não sabe votar. Grande ilusão. Vejam os tais fichas-sujas, que ficaram em sua maioria de fora da escolha das urnas. Observe-se a recomposição do Senado Federal ( aquela casa da Mãe Joana ) de onde quase oitenta por cento de seus ocupantes terão deixar seus gabinetes para gente nova. Sangue novo, e provavelmente menos contaminado por estes vícios antigos de nossa política brasileira. O eleitor não está propriamente preocupado com o aborto, ou com a questão ambiental, embora estes itens sejam de fato importantes, mas não o suficiente para decidir um pleito desta magnitude. Será que os candidatos não pensam nisso ? E querem governar um país do tamanho do nosso ? O que esperam os eleitores são propostas de fundamento, e não promessas ao vento, como bolsas-isso, bolsas-aquilo, quase sempre esquecidas após a apuração dos votos. Seja o que Deus quiser, Ele saberá escolher.

domingo, 3 de outubro de 2010

Carta que escrevi no jornal de cultura Usina do Porto, em 2003

Esta carta está relacionada à postagem anterior.

Senhora:

Analisando bem, o seu problema pode estar no sapato. Verifique isso. Talvez ele não lhe aperte o pé, mas, com certeza, o salto de seu sapato é muito alto, e isso tende a desestabilizá-la. Pessoas como a senhora, apesar de sua inteligência, charme e escolaridade, por vezes não podem ver uma coisa tão simples como essa, a menos que se disponham a colocar-se de lado e observar a altura do salto do sapato em frente ao mesmo espelho que reflete ainda a beleza de sua juventude. A senhora, sim, é jovem, é bonita, além de competente e bem intencionada, quero crer. Mas o seu problema é o salto. Ele é alto, ele é desproporcional aos nossos olhos que não descolam deste detalhe enquanto a senhora fala meneando a cabeça em garbosos gestos que ninguém gosta de ver. E assim, a tudo que possa a senhora querer dizer, as pessoas não dão importância, ou não entendem, porque ficam fixadas na altura do salto de seu sapato, dispersando a atenção que deveriam dar-lhe. Saiba, senhora, - se me permite dizê-lo -, a gente daqui é muito simples, algumas até preconceituosas em relação a estrangeiros, o que em nada é louvável – suponho -, mas, ainda assim, a gente daqui sente um certo orgulho de suas façanhas que servem de modelo a toda a terra, tirante esses últimos acontecimentos que têm assolado a nossa honra. Se pudesse dar-lhe um conselho sincero e amigo, eu diria à senhora para calçar outro tipo de sapato. Talvez não lhe parecesse tão elegante à primeira vista, assim que a senhora se mirasse no espelho, mas tal providência, ao aparentemente diminuir sua estatura física, aumentaria a humana, colocando-a no mesmo nível de nossos olhos, assim como gostaríamos de falar com nossos interlocutores, isto é, sem termos de elevar a cabeça como se a eleva a deus que – seja ele qual for –, não pertence a este reino da Província de São Pedro. Faça o teste, senhora, e verá que posso ter alguma razão no que lhe escrevo. A senhora então sentirá certo alívio, parecerá navegar nas nuvens, estará bem mais confortável, tudo sorrirá à sua volta. Os inimigos passarão a respeitá-la, ao invés de tão somente criticá-la. Os amigos serão mais amigos, e os falsos cessarão o fogo-amigo. Faça o teste, senhora, um sapato com salto mais baixo – providência tão simples - lhe fará muito bem.
Respeitosamente, o seu sapateiro.

Resposta a e-mail de uma amiga

Bia querida:

Já votei, e meus vaticínios se confirmaram.
Tarso aqui e segundo turno lá.
Só errei nos números entre Serra e Dilma, uma diferença que diminuiu muito do que diziam estas pesquisas terríveis e- creio que em alguns casos – manipuladas.
Sabia que a Marina iria puxar votos para o segundo turno. É uma pessoa de muito valor, como se vê em sua cara limpa.
Só que o Serra vai ter que sair do túmulo para tentar vencer a Dilma, que, mesmo decaindo por conta de tantos escândalos, sapato alto, etc., ainda vai contar com a milagrosa força do Lula.
Serra tem que fazer umas aulas de expressão corporal com o Plínio Arruda Sampaio, que ao menos sabe ser simpático.
Mas agora é outra eleição. Vamos ver...
Aqui, fico feliz pelo menos por que tiramos a Yeda, uma senhora que, mesmo tendo feito algumas coisas de mérito, enterrou a cultura do RS, minha área, que espero o PT possa vir a salvar.
E o pior é que ela cuspiu nos pratos em que comeu: primeiro no do Rigotto, graças a quem ela foi eleita ( lembras ? ), depois no do PMDB como um todo, através de francos ataques de campanha contra seus antecessores de todos os partidos e de todas as gestões. E eu não aceito pessoas mal agradecidas e, sobretudo, traidoras.
Yeda é um exemplo de como a arrogância pode colocar um projeto a perder-se por conta de seu protagonista.
Agora pode ser que ela seja eleita síndica de seu prédio.
Bjs.