quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

GENTALHA

E os nossos deputados federais e senadores, quem diria...Não foi nem na calada da noite, mas à luz do dia, em tempo recorde, que encaminharam e aprovaram em intervalo de dois turnos o aumento dos próprios vencimentos à ordem de 61%. Por menos, muito menos, um presidente neste país sofreu impeachment. Onde estão os caras pintadas ? Onde estamos nós, que a tudo isso assistimos impassíveis, por vezes até achando graça ? As revoluções iniciam assim, com o a desfaçatez dos governantes e membros dos poderes, com o abuso exacerbado da paciência do povo até que de nada adianta mandar-lhe brioches. Depois das eleições é que se conhecem os políticos. Gentalha !

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fracasso em Abu Dhabi ?

Como gremista, fico triste de ver que meus colegas de torcida secaram o Internacional na partida decisiva do mundial de clubes esta tarde, quando o Inter perdeu para o time do Congo defendendo, não as cores do Rio Grande do Sul, mas as da América Latina. Aqui a mesquinhez grassa, o que explica, em parte, o complexo de inferioridade misturado a uma certa arrogância dos gaúchos. A coisa já vem mal desde o nosso hino onde se canta ( on vante ) " Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra ". Maldita mania. Pior que esta, só a que joga sobre o técnico toda a culpa do mundo, como se joga merda na Geni. Os nossos fracassos passam a ser o fracasso do outro, assim, num passe de mágica. E tudo recomeça. E se repete.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

NOSSA NOVA LÍNGUA

Eu vinha cedo de Pelotas num ônibus confortável que me permitia pregar o olho de vez em quando. Foi numa dessas intermitências do sono que vislumbrei, já quase chegando a Porto Alegre, uma placa sobre um terreno vazio na qual estava escrito Our Roads. Logo abaixo vinha a tradução: Nossas Estradas. E como o ônibus seguia viagem a uns 100 Km por hora, não tive tempo de me acordar bem para melhor ler ou entender do que se tratava. Talvez um empreendimento o que ficara para trás, uma simples estrada sendo aberta da rodovia para os interiores de Guaíba. Mas foi a tradução o que mais me impressionou. Ora, para que usar termos em inglês num local em que as pessoas não dominam essa língua nem sequer para entender o significado de Our Roads, isso que não é nem uma frase já que não tem verbo ? Eu sei que já se escreveu muito sobre o tema, mas o uso contínuo do inglês em nomes e títulos, procedimentos, condomínios, alimentos e no que mais se imagine, está chegando a um esgotamento tal, uma coisa - eu diria, com o perdão da palavra -, uma coisa quase over. Para designarem-se prédios de escritórios, usa-se Offices; para nomearem-se residências, opta-se por Residences; há muito o termo Shopping Center ( que aqui já não necessita ser em itálico ) não se conhece por outro nome em nossa própria língua. Já imaginaram alguém perguntando:- Onde fica o Centro de Compras Iguatemi ? E por aí vai. Não posso deixar de creditar esta prática a um complexo de inferioridade que nos obriga a copiar o “charme” da plástica Miami, paraíso modelar da mais fina breguice. E a língua tem que ser o inglês, claro; ninguém se atreveria a usar o alemão onde Nossas Estradas seria traduzido por Unsere Straßen, Residências ficaria Wohnungen e Escritórios seria Büros. Nada disso seria minimamente comercial. E por que não ? Pela primazia da língua americana como idioma universal ? Americana, e não inglesa, quero enfatizar, porque isso é influência histórica da alta tecnologia de consumo que nos oferece a América do Norte. Essa influência foi sendo instilada aos poucos e hoje é como um sinal de nascença que está no DNA de qualquer criança de quase qualquer lugar da América do Sul. Será bom isso ? Há gente que arrisca dizer que esta influência é coisa do Demo. Afinal, por que não usar-se o francês, língua tão mais elegante ? Por que não o italiano, o mais romântico e sensual dos idiomas ? Bem, esqueçamos o alemão e o japonês. Mas será que um dia nosso dicionário Houaiss será tão outro ? Em Portugal, banheiro é quarto de banho e táxi continua sendo carro de praça, assim como era na minha infância. Mouse, esta coisinha que a gente usa sobre o pad, é, literalmente, rato. Aqui diríamos “dê duas clicadas com o mouse para deletar”. Lá em Portugal eles dizem “dê dois toques no rato para apagar” Eis aí algumas considerações que se impõem quando paramos para pensar num assunto que faz alguns anos preocupava a França em seu orgulho quase napoleônico: a influência nefasta dos idiomas estrangeiros sobre a língua de Voltaire. Fizeram de tudo para evitar as influências. Queriam abolir o hotdog e o cheeseburger. Conseguiram, quando muito, manter a palavra ordinateur no lugar de computer. No resto de nada adiantou: foram vencidos. Coisas do Demo...
A todos vocês, caros leitores, Merry Christmas and a Happy New Year ! Quero dizer: Feliz Natal e Próspero Ano Novo !