terça-feira, 4 de maio de 2010

CIRQUE DU SOLEIL, ou bien encore " Cirque des Ombres "

Cirque du Soleil
( ou bien encore, Cirque des Ombres )

Saudado como um fenômeno de teatro de performances, o Cirque du Soleil chega mais uma vez para tentar preencher o vazio do vazio cultural de nossa cidade. A exorbitantes preços que vão de 150 a 450 reais, deixa a maior parte dos espectadores ( a dos ingressos mais baratos, naturalmente ), atrás de colunas ou a partir de ângulos de onde não se vêem mais que sombras em movimento. Mas não são só estas as sombras de que falo. A troupe canadense aporta no Brasil com o benefício da Lei Rouanet e “patrocínio” de um banco privado que, além de se beneficiar com a propagação de sua imagem, vende com privilegiada antecedência e facilitadas condições os ingressos preferenciais a seus correntistas ( aqueles que podem optar por ficarem sous le soleil ). Brasileiro gosta de coisas estrangeiras, é mesmo uma doença sem cura. Tudo o que vem de fora, tudo o que se paga com euro e dólar é melhor, é mais fino, tem requinte. Em uma palavra: é chic. Também porque preenche a crônica social, outra mania de brasileiro. Quantos circos mambembes pelo Brasil afora poderiam estar se apresentando com o patrocínio da Lei Rouanet neste país que literalmente matou aquela expressão autêntica em que se viam animais e feras, palhaços e mágicos, trapezistas e mulher-barbada ? Ah !, os animais - eu dizia -, foram estes ( ou a proibição da presença destes nos espetáculos ) os que mataram a tradição dos circos das pequenas vilas e cidades. Em nome da maldade de alguns, a exceção virou regra, o que é outra legítima tradição brasileira. Pagaria o dobro para ver o grupo Tholl, de Pelotas, muito superior ao Cirque Du Soleil ( ou bien encore “des ombres” ), mesmo levando em conta de que aquele não dispõe do arsenal técnico dos canadenses, porque ali no Tholl, no lugar de efeitos pirotécnicos, só predominam arte e talento.

Um comentário:

  1. SInto uma falta dos circos de antigamente, com leões, ursos, elefantes e trapezistas. Adorava quando eles chegavam na cidade e faziam um desfile pelas principais ruas. Escapava de bicicleta e passava o dia espiando o circo ser montado e os animais alimentados. Abraço,

    Terráqueo

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