domingo, 4 de abril de 2010

Estações

Di solito, como dizem os italianos, acordo muito cedo e leio ( na verdade passo os olhos ) o jornal, até encontrar a seção de palavras cruzadas na qual me “ atraco ” que nem merda em tamanco... Curiosamente, talvez pelo fato de não permitir tempo para uma transição saudável, nunca decifro a charada ali, num primeiro instante. Mais tarde, depois do café, os neurônios recompostos, por assim dizer, eu mato a grade. Mas hoje, mais do que minha busca usual pelsa palavras cruzadas, deparei pela janela da sala com o horizonte cinzento, não tão próprio do outono, mas do inverno mesmo. E lembrei das “águas de março fechando o verão “’. A alternância das estações traz uma sensação sempre nova, quase doce como o recomeçar. E nesta semana em que completo meus sessenta anos, vejo que a existência é na verdade um ciclo que desconhece o relógio, os marcos oficiais que delimitam o tempo. A existência é o que dela fazemos dentro de nós. E a idade não avança.

2 comentários:

  1. Paulo, você é um homem quatro estações feito o meu estimado senhor bípede, do estilo em que avança a mente e não a idade.

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  2. Bem-vindo a esse vício chamado Blogosfera. E já deu para sentir que o blogueiro é uma fera.

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