quinta-feira, 8 de abril de 2010

A PALAVRA COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA

Acaba de sair o livro A PALAVRA COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA, organizado por Bernadete Flores Bestane, acerca da extensa obra política de Bernardo de Souza, plasmada em textos e discursos deste verdadeiro homem de Estado. Homens como Bernardo, senhores de coerência e atitudes inatacáveis, há muito já não existem no meio político. Conheci Bernardo de Souza pela primeira vez em Canela, lá pelo ano de 1985, na casa de um amigo comum, o procurador do Estado Manoel André da Rocha. Durante o jantar que foi servido, pouco falei com Bernardo. Nosso encontro fora casual. Lembro que apenas o ouvia, já admirado pela forma com que ele se expressava atrás da barba que na aparência lhe dava muito mais idade do que então tinha. Passados os anos, por uma proximidade muito especial que me levou a Pelotas, a partir de 2004, vim a conhecer o Bernardo, com o qual tive a ocasião de falar, ele prefeito recém-empossado e amado pelo povo daquela terra de gente muito altiva. Sempre que ia a Pelotas por envolvimento em projetos culturais da SECULT, era bem recebido pelo Bernardo – e por sua esposa, Hilda ( outra pessoa muito afetiva ). A confirmação de um diagnóstico de esclerose múltipla fez com que Bernardo – numa atitude mais uma vez coerente – renunciasse ao cargo de prefeito e se recolhesse ao convívio da família para enfrentar a doença na intimidade. Bernardo está ainda muito vivo entre nós. Franzino, esquálido, mas é ainda aquele mesmo gigante. Está em seu olhar plácido, mas atento. De vez em quando o vejo pelo bairro Moinhos de Vento. Conversamos brevemente na forma que ainda seja possível, ele sentado na cadeira de rodas conduzida por uma enfermeira que lhe entende as palavras, e que assim me possibilita captar os sentimentos e as expressões que ainda vivem naquele coração pelotense. Para quem não sabe – dado que o Blog não está restrito ao Rio Grande do Sul – Bernardo de Souza foi o inspirador da LIC ( lei de Incentivo a Cultura ), diploma este que por muito tempo carregou o seu nome ( Lei Bernardo de Souza ), e que foi a semente de tantas outras iniciativas que beneficiaram sobremaneira a área cultural de nosso Estado. Mas não foi só na cultura que se destacou Bernardo. Em Pelotas implementou uma administração popular que é paradigma internacional, referida em projetos de semelhante relevância em cidades do exterior. A obra ora lançada, A PALAVRA COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA, deveria ser o livro de cabeceira de nossos políticos brasileiros aos quais tanto têm faltado os bons exemplos de cidadania e probidade.
A PALAVRA COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA, organizado por Bernadete Flores Bestane; Contgraf, 486 páginas

6 comentários:

  1. Sempre tive grande admiração pelo Bernardo de Souza. Torci e vibrei quando ele ganhou a eleição para prefeito de Pelotas. Foi ele -- dizem -- que inventou o orçamento participativo, na década de 80. Um grande homem.

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  2. Paulo, lamentavelmente, tenho grandes lacunas nas minhas leituras políticas. Virei uma esquina em direção à ficção e me perdi. Vou colocar este livro na minha lista de futuras aquisições e, quem sabe assim, passo a andar por uma avenida ainda mais larga :)

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  3. Acho que ainda não comentei, mas amei o nome do seu blog!!!! Aliás, a palavra DORAVANTE além de cheia de energia é também gostosa de se dizer.

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  4. Bípede: Grato pela mensagem. Quanto ao livro, trata-se de uma coletâneas de discursos, textos, etc., nada na verdade ao teu estilo por demais erudito. O livro foi distribuido gratuitamente e vou tratar de te conseguir um.
    Bj.

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  5. CARO MAIA:
    De fato, foui o Bernardo o pai do Orçamento Parcitipativo, cujo nome e modelo alguns copiaram, mas outros roubaram e se arvoram ainda a dizer que são os pais da criança.
    Abs.

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  6. Que bacana. Gostei de ver este post sobre o livro e sobre o Bernardo, que nos deixou.

    Sou o designer que criou a capa.
    Abraço e parabéns pelo blog, muito bacana.

    LPM/designer

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