terça-feira, 13 de abril de 2010

SESSENTA ANOS, HOJE

SESSENTA ANOS, HOJE
SOIXANT’ANS, AUJOURD’HUI
SESSANT'ANNI OGGI
SESENTA AÑOS HOY
SECHZIG JAHRE ALT,HEUTE

No dia de meus sessenta anos, que me parecia no passado ser alguma coisa tão remota, acordei cedo e caminhei por algumas horas. Mais do que o usual. Eu não precisava confirmar a plenitude de minha forma física para este tipo de exercício que faz parte de minha rotina há uns 25 anos. O que precisava era refletir sobre o momento que vivia, as pessoas me homenageando dizendo sobre mim tantas coisas boas que na verdade não sou, e eu tendo de escutar todos aqueles elogios que mais tarde serão repetidos no obituário do jornal. Depois, na noite de minha festa, tive de me emocionar de verdade, porque foi muita a carga de afeto que recebi, sobretudo aqueles depoimentos que ficaram gravados num vídeo que minha filha Laura organizou. Minha filhota Lívia veio de São Paulo, especialmente para preparar a ceia, que esteve magnífica. Meu filho Guilherme recebeu a todos em sua casa. Naquele vídeo estavam velhos e novos amigos trazendo lembranças de fatos que eu já nem lembrava, talvez mesmo por acreditar que, segundo Aristóteles, sessenta anos é a idade em que o homem alcança a plenitude de seu desenvolvimento ( tirante alguns lapsos de memória e algumas dores permanentes nas costas ). Penso que um homem que ama a vida não pode ter idade. Quero dizer, a idade não deve ser para ele um incômodo, principalmente quando tantas pessoas, fazendo críticas à própria idade, estigmatizam a idéia da velhice. Velhice não existe. O que existe é o vazio. Dizem que a sensação de afagar meu rosto é a mesma que passar a mão na bunda de uma criança. Modéstia à parte, isso é a mais pura verdade. Claro que se trata de muita sorte minha, acompanhada de alguns cuidados dermatológicos de minha doutora Olga, mas a observação se estende a todos os conceitos de que poderia tratar aqui para referir estes juízos relativos que as pessoas fazem. Chego aos sessenta anos ocupado com as coisas que gosto: pintar, escrever, cozinhar, receber amigos, aprender idiomas, visitar meus netinhos João e Maria Fernanda, viajar, etc. Tenho alguns planos que não decolam de jeito nenhum, como publicar um livro, apesar de ter material suficiente para dois. Mas não tenho pressa. Afinal Saramago publicou o seu primeiro aos cinqüenta. E de mim, que não sou Saramago, o que podem esperar. Eu não tenho pressa, mas me preocupo. O dia em que queremos realizar algo sempre chega. E se não chegar, era porque a vida estava feita. Beijos a todos.

4 comentários:

  1. Você chega aos 60 com a inspiração, o talento e a humanidade potencializados. Isso não é para qualquer um.

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  2. Paulo, você é um jovem na plenitude.

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  3. Pai, linda reflexão. Não tinha visto ainda.
    Bj, Laura

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