sexta-feira, 23 de julho de 2010

COPA DO MUNDO E PACOTES DE BONDADES

Nunca antes na história deste país temos visto tanta disponibilidade na liberação de recursos os mais variados visando à Copa do Mundo de 2014. Num repente, aeroportos serão ampliados, hospitais reformados ou construídos, vias pública duplicadas, tudo, enfim, será feito e resolvido. A pergunta que se faz é a seguinte: por que tais recursos só aparecem agora como num toque de mágica que tira o coelho da cartola ? A resposta óbvia é que estamos em ano eleitoral, ocasião propícia para àqueles que detêm o poder, diferentemente do que recomendava Maquiavel, distribuir “pacotes de bondades” estocados e amadurecidos como bons vinhos durante a safra da gestão pública e só revelados na hora extrema, ou seja no período pré-eleitoral. Então cabe perguntar por que tais recursos não eram disponíveis antes. A resposta óbvia é de que esta técnica, assemelhada àquela do bode na sala ( primeiro a gente põe o bode, e depois, quando todos reclamam do cheiro a gente o retira ) visa a dar a impressão de que somente após duros anos de administração pública desta ou daquela ala da vez, conseguiu-se “sanar” a economia, o equilíbrio entre receita e despesa, estas coisas óbvias das quais devem entender todas as donas de casa que vão aos supermercados. E estas coisas, que não deveriam ser em nada diferentes, tanto na área privada como na pública, convencem qualquer dona de casa. Em São Paulo, o governador e o prefeito fecharam os cofres às obras de um estádio especial para sediar a Copa de 2014. Ponto para estes senhores que acompanhados de um tristonho Ricardo Teixeira numa entrevista pública ( parecia que ele tinha perdido algum parente próximo naquela hora ), distribuíram publicamente não as boas notícias da praxe das promessas vãs, mas um sonoro NÃO a um investimento que teria utilidade durante trinta dias de 2014 e depois...e depois para quê, ou melhor dizendo, para quem ? Num país de tantas mazelas, cujo governo jacta-se de feitos extraordinários enquanto o déficit da previdência recrudesce como uma doença silenciosa ( poucas pessoas estão atentas a isso ), somente para citar um exemplo mais consistente, estas distribuições de bondades deveriam ser permanentes, deveriam, ainda que menores, ser administradas não como concessões patriarcais, mas como prática saudável de administração do erário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário