quarta-feira, 23 de junho de 2010

Carta a Martha Medeiros

Cara Martha:

Tua crônica de hoje é uma bola, e me fez recordar um episódio semelhante que se passou comigo. Eu estava num vernissage meu, acho que da segunda exposição, quando se acercou de mim um cara que se apresentou: - Muito prazer, Paulo Amaral. Eu pensei que ele fosse louco, mas logo me disse que era o médico cirurgião plástico, o qual, obviamente conhecia tanto pelo nome e por algumas confusões recíprocas, conforme ele também confirmou. Nossos nomes no guia telefônico estavam escritos “Paulo B. Amaral”, o meu B de Brasil e o dele de Becker. Daí a confusão. Na época eu construía muito como empresário da engenharia e as pessoas ligavam para a casa dele perguntando detalhes sobre este ou aquele imóvel, preços, prazos, etc. Naturalmente ele informava que não era o Paulo Amaral engenheiro, mas o médico. Também ligavam para mim algumas senhoras. Uma delas, numa tarde de domingo, enquanto eu preparava uma pizza para a família, se apresentou ao telefone – não lembro que nome disse – e eu fiquei pensando naquele nome que não conhecia. Eu tinha muitos clientes. Mas segui na linha, constrangido por não lembrar o nome de uma cliente, coisa difícil de acontecer. Então ela me perguntou o que poderia comer naquela noite e eu deduzi que ela perguntava sobre a dieta permitida anteriormente a uma cirurgia que faria na manhã seguinte. E como já tinha uma intimidade com o Paulo Amaral médico, respondi a ela que poderia comer uma boa pizza calabresa com muito azeite de oliva e acompanhada de bastante cerveja. Ela me agradeceu e desligamos os telefones. O que aconteceu depois eu não tenho a menor idéia. Meu nome é tão vulgar que – e aqui vai outra parte de história que passei com a tua prima Ana Luiza Zambrano, seu marido Jaime e um grupo de amigos – uma vez fomos a Buenos Aires num grupo, e eu e minha então mulher chegaríamos depois, não lembro por quê. A Ana Luiza, para nos advertir da imprevista mudança de um hotel que tínhamos reservado ( não havia celulares naqueles tempos ), mandou ao aeroporto um emissário daqueles que esperam os viajantes, mas ele não portava uma daquelas plaquinhas habituais. Apenas dizia com uma voz a um tempo grave e estridente:- Señor Amaral, Señor Amaral...Olhei para a minha mulher e disse: - Este cara é louco. E depois nos perdemos em Buenos Aires.

Beijo e abraço.

Paulo

3 comentários:

  1. Paulo, na boa, porque estou aos risos, acho que não é só o Maluf que é doido :) A diferença é que ele é, como diz o Henrique, do mal e você é um doido do bem!
    Adorei o texto, señor Amaral :)

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  2. Obrigado, Bípede, a gente faz o que pode - para o bem, éclaro. Bjs.

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  3. Me diverti com a tua recomendação para a senhora. Muito boa essa.

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